domingo, 8 de março de 2015

É COR DE ROSA CHOQUE



Todos os dias são nossos!



Dizem que a mulher é o sexo frágil
Mas que mentira absurda...(Sexo Fragil/Erasmo Carlos)


Hoje ao me deparar com tantas felicitações do dia Internacional da Mulher, fiquei extremamente pensativa quanto a inúmeros fatores que o cercam.
Evidenciar um dia do ano como data comemorativa à tantas guerreiras, lutadoras, sobreviventes ou até mesmo indigentes de um país tão massacrado e de um mundo tão machista é o mesmo que aplaudir o semi-analfabetismo de Carolina de Jesus, é o mesmo que vibrar com tantos abusos sexuais vividos pelo longo da história, é o mesmo que aceitar que Maria da Penha encontra-se numa cadeira de rodas porque ela merece e não porque sofreu uma barbárie.
O mundo machista, homofóbico, discriminador e preconceituoso conceitua rótulos para que a sociedade aceite que vivenciamos uma democracia centrada em direitos e deveres iguais.
Lhe pergunto: Onde? Encontre entre nossas sofredoras uma que não tenha precisado levantar a voz, gritar, apanhar, sofrer, se humilhar, muitas vezes perder a vida, para que depois sejam denominadas GUERREIRAS.
Guerreiras de purpurina podemos assim dizer.
Tais mulheres com suas lutas deram a passos lentos um grito de vitória que ecoou no mundo mas não calou o outro grito. O grito daqueles que lhe oferecem surras, espancamentos, escravidão sexual, tortura, mals tratos...
A mídia teima em expandir e até mesmo glorificar o Dia Internacional da Mulher como algo memoravel,mas porque será que esta mesma mídia  não cita tais lutas, tais constrangimentos, tais anarquias e aniquilações que sofremos através dos anos na história do Brasil e do mundo.
As mulheres dos dias de hoje comemoram seu dia. Parabéns colegas, louvo a Deus pela vida de cada uma de vocês, eu também sou mulher e agradeço as felicitações. Mas não podemos esqueçer que este dia foi escolhido pela ONU para lembrarmos daquelas que como Maria da Penha,  Carolina de Jesus, Madre Tereza de Calcutá, Zilda Arns ( http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/09/mulheres-revolucionarias/ ) e tantas outras mulheres de luta e que merecem o nosso respeito. A trabalhadora que acorda as 3 da manha em uma grande metrópole para enfrentar onibus, trem, vã para chegar ao seu trabalho do outro lado da cidade para colocar comida na mesa para seus filhos. A professora que de tão desvalorizada em sua profissao hoje é chamada de tia, e aqueles que muitas vezes não passam pela preparação profissional de um professor merecem tal título "mestre", e com louvor ainda.
A dona de casa que carrega todos os dias aquelas latas d'agua na cabeça, como diz, lá vai Maria. 
Aquela, que em dupla jornada consegue um tempinho para ensinar o dever para seu pequeno filho, ou ainda vencer o analfabetismo num cursinho noturno, para que no final do mes ao receber seu salário consiga assinar seu nome com orgulho. São tantas e maravilhosas historias de mulheres simples que compoem o dia-a-dia de vidas tão desgarradas mas que ao mesmo tempo se lhes perguntarem dirão entre dentes falhos e sorrisos abertos " eu sou feliz".
E ainda aquelas pobres mulheres negras que são menosprezadas e humilhadas até mesmo no direito de "parir" seus filhos, sendo mutiladas ou passando por momentos de extrema alienação psicológica. O que deveria ser um momento de alegria, torna-se frustrante e sofredor. Os horrores continuam como um holocausto silencioso. Mas a esperança que nos move enfraquece qualquer resquício de medo que possamos nutrir em relação a  tantos Herodes de nosso planeta.
O Coliseu veio abaixo, mas suas ruinas nos fazem lembrar que ali muitos sofreram, morreram e sucumbiram às alienações de um povo inescrupuloso, carrasco, algoz,  inclusive com as mulheres.
Saibamos buscar nossos direitos, interpretar as entrelinhas da submissão e levantar nosso grito de sapiência referente aos manifestos que buscamos e aqueles que já conquistamos.

Mesmo que estes não sejam marcantes para nossa sociedade mas pode ser o início de um hera.
Mesmo que ainda negligentes, nos pertencem, agora existem pela luta, pelo sangue, pelo suor, somos iguais, temos direitos, temos capacidade, somos até mesmo multifuncionais. Somos mulheres, esposas, mães, trabalhadoras, voluntárias, psicólogas, médicas, enfermerias, amigas, e não esquecemos do batom e da maquiagem, porque SOMOS MULHERES.


TEXTO DE : SANDRA KARLA RAMOS SUFIATTI

conheça também: http://mulheresemluta.blogspot.com.br/