UMA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO BRASIL
Me chamo Sandra Karla Ramos Sufiatti, sou cursista em Gestão em Políticas Públicas e uma das idealizadoras deste blog, neste momento venho usar meu teclado como forma de alerta para a população e gestores públicos.
No início do ano de 2014 identifiquei em um de meus seios um pequeno caroço, após o susto, marquei uma consulta em uma instituição pública de meu município centrada no atendimento da mulher, pois não tenho plano de saúde. Após alguns dias fui atendida e a Dra fez os pedidos médicos. Até neste momento achei até rápido todo o procedimento, mal sabia que meus problemas ainda iriam começar.
Exames aqui em Linhares passam por uma terrível e demorada burocracia. Você segue com os pedidos médicos para o instituto que libera os exames eles te pedem todos os documentos devidos e mandam aguardar. Passados alguns dias, acredito que menos de mes me ligaram informando que minha mamografia tinha sido autorizada e uma ultra som endovaginal para acompanhamento de um mioma que tenho. Meu martírio ainda iria começar.
Fiz a mamografia, detectou-se um nódulo na mama direita, levei para a ginecologista no posto de saúde e a mesma me pediu uma ultra som da mama.
Pois bem estava agora com duas ultra-som para marcar.
Fui novamente em busca de resolver o problema, a demora para a autorização já foi maior cerca de um mes, o problema foi a demora para conseguir marcar para fazer a ultra som, fiquei aproximadamente de 6 a 8 meses para conseguir fazer a ultrasonografia endovaginal, e a da mama só consegui marcar para novembro. Como não dispunha mais deste tempo, resolvi procurar onde fazer particular e pagar para ter o exame em mãos.
A política pública que o governo se gaba tanto em propagar referente a rapidez em procurar um atendimento médico ao detectar o nódulo esbarra na burocracia pública no momento em que estamos buscando os caminhos exigidos para que os médicos te dêem um diagnóstico seguro.
Penso que se vai pedir uma mamografia e esta não está vendo com tanta nitidez porque não pede junto a esta a "bendita" da ultra som? Pois na minha mamografia descobriu-se um nódulo apenas e com a ultrassom descobrimos 4. Veja que diferença gritante.
A burocracia que encontramos pelo governo para realizar exames de alta-complexidade é absurda.
Há seis meses atrás quebrei o pé e tive rompimento dos ligamentos, o médico me pediu uma ressonância magnética que até hoje não foi liberada pelo SUS do meu município. Minha filha aguarda desde abril uma consulta com um otorrinolaringologista pois já foi diagnosticada com Amigdalite Grave e o caso dela é só uma cirurgia pra resolver, desde abril, até hoje estamos aguardando tal consulta. Não adianta eu pagar uma consulta particular já sabendo que o caso dela é cirúrgico, eu não tenho condições de pagar uma cirurgia dessas. E assim ficamos reféns da burocracia pública no meu município e em muitos outros neste Brasil afora.
Então volto a perguntar será mesmo que o outubro é Rosa?
E os janeiros, fevereiros, marços e os demais meses em que corremos atrás de soluções para nossas mazelas e a rede pública de saúde parece que simplesmente engaveta nossos pedidos. Que esquecem dos tantos Joãos, das Marias, das Sandras, das Karlas que necessitam da rede pública para seus tratamentos.
Penso que identificar um mês como marco para o alerta nacional sobre o câncer de mama é muito válido a partir do momento que a rede pública se torne capaz de receber a população que procura assistência não apenas no mês de outubro, mas no decorrer dos 365 dias do ano.
E agora o detalhe importante, só consegui consulta para o mastologista para dezembro pois como na ultra-sonografia a demanda é muito grande e existem poucos profissionais que atendem pelo Sistema. Passarei então mais um longo mês a espera da avaliação do profissional sobre os 4 nódulos encontrados.
E volto a perguntar ao poder público sobre os demais casos supracitados, e a ressonância? e a consulta da minha filha? E a cirurgia que ela necessita fazer? Tudo isso não faz parte de uma assistência pública que nossos governantes deveriam estar lutando para mudar, não falando de pesquisas, de dados, mas de realidade, de seres humanos, de crianças, de gente que se encontra sem saber mais que caminhos percorrer.
O que fazer no momento que o filho está queimando de febre e chega-se no hospital e não se encontra pediatra?
O que fazer com os pedidos de consultas, de exames, de cirurgias que se acumulam e não obtemos respostas?
E o outubro é rosa...
Por SANDRA KARLA RAMOS SUFIATTI 18/10/2014

Rosa pra quem, né amiga?!!!
ResponderExcluir