Operação do Ministério do Trabalho aconteceu nesta quarta-feira (4).
FONTE: G1 ES, com informações da TV Gazeta *
Em um dos abrigos, esgoto passa próximo àscamas (Foto: Kaio Henrique/ TV Gazeta)
A fiscalização ocorreu após denúncia feita através de reportagem do Jornal A Gazeta. Os fiscais explicaram que, nessa fazenda em Córrego Alegre, encontraram esgoto a céu aberto, passando por dentro de um dos abrigos e sendo despejado ao lado dos dormitórios, assim como depósitos de lixo próximo à área de convívio dos trabalhadores. Os banheiros não são azulejados, o que é uma exigência de higiene do Ministério do Trabalho. O dono da propriedade também não oferecia papel higiênico e nem sabonete.
Os abrigos não têm janela e dentro de um deles há uma rede de esgoto, que passa próximo a camas e da cozinha. Os trabalhadores contaram que dorme e se alimentam sentindo o mal cheiro.

O auditor fiscal Rodrigo de Carvalho explicou que foram identificados, no mínimo, 15 autos de infração no local. Além de todas as citadas na reportagem, a fiscalização descobriu que as carteiras de trabalho dos funcionários não havia sido devolvida, estavam no município de Vila Valério. Conforme a lei, os documentos deveriam ter sido devolvidos em um prazo de até 48 horas, depois da contratação.
Segundo os trabalhadores, o pagamento também não está em dia. Dessa forma, somando-se o valor dos pagamentos atrasados e da multa que será aplicada, o dono da propriedade pode pagar quase R$ 1 milhão.
Interior de um dos abrigos sendo vistoriado por fiscais (Foto: Kaio Henrique/ TV Gazeta)A fiscalização continua em outras propriedades no interior do Espírito Santo. Outros trabalhadores, abordados por fiscais, contaram que viajaram até 2 mil quilômetros para chegar às fazendas, onde são submetidos a jornadas exaustivas de trabalho, morando em alojamentos insalubres. Para a reportagem de A Gazeta, uma jovem de 20 anos relatou que precisou viajar em um ônibus clandestino de Salvador para chegar a uma colheita de café conilon, no Norte do Espírito Santo.
A mulher, que preferiu não ser identificada, disse que a situação é degradante. "Fui enganada. Deixei minhas filhas em casa, viajei por dois dias, e agora trabalho 15 horas por dia só para conseguir voltar para minha cidade. Estou incomunicável, me sinto no inferno, como se não fosse humana”, disse.
Segundo o Ministério do Trabalho, durante o mês de maio, foram lavrados cerca de 90 autos de infração e até o final da colheita, o órgão pretende fiscalizar mais de 250 fazendas. A maior concentração está nos cafezais de Sooretama, Vila Valério, Jaguaré, São Mateus e Linhares.
* Com colaboração de Kaio Henrique, da TV Gazeta Norte.
Fazendas de café conilon são fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho, no ES (Foto: Fernando Madeira/ A Gazeta)
Nenhum comentário:
Postar um comentário