terça-feira, 26 de agosto de 2014

COMPOSIÇÃO ÉTNICA BRASILEIRA

Um dos traços mais caracte­rísticos da composição étnica da população brasileira é a enorme variedade de tipos, resultante de uma intensa miscigenação que se iniciou junto com a nossa his­tória — desde que os coloni­zadores brancos (portugueses) aqui se instalaram, aproxima­ram-se dos indígenas (nativos) e trouxeram os escravos negros (africanos).
A mistura desses três grupos étnicos básicos, que foi relativa­mente rápida, resultou em mes­tiços como o caboclo (filho de pais das etnias indígena e bran­ca), o mulato (filho de pais das etnias negra e branca) e o cafuzo (filho de pais das etnias indígena e negra). Com o prosseguimento da miscigenação, originaram-se os inúmeros tipos que hoje com­põem a nossa população.
Um fato é inques­tionável: a população torna-se cada vez mais miscigenada, diminuindo as diferenças mais visíveis entre os três gru­pos étnicos originais.

a) O índio

Nunca se fizeram levantamen­tos precisos sobre o número de indígenas no Brasil, até porque muitos grupos nativos se manti­veram isolados da civilização. Entretanto, estima-se que hou­vesse, no século XVI, entre 4 e 5 milhões de índios, que, ao longo de quatro séculos de aproxima­ção com o branco, viram-se reduzidos a aproximadamente 520 mil. Devido a processos con­tínuos de extinção — lutas, doenças, fome — e aculturação, pela qual os indígenas perdem suas referências culturais e linguísticas, assimilando as do homem branco, esse número tende a diminuir ainda mais.
Crianças representando a composição étnica do BrasilO pequeno número de rema­nescentes confirma o que se observou historicamente: preva­leceu não a tendência à integração, e sim à extinção dos índios, tanto por sua falta de imunidade a doenças trazidas pelos brancos (gripe, sarampo, malária, etc), como pelos conflitos ligados a tentativas de submetê-los e de tomar posse de suas terras — mesmo hoje, quando elas estão oficialmente demarcadas. Com a expansão das fronteiras agríco­las e a recente descoberta de minérios em áreas das regiões Norte e Centro-Oeste, torna­ram-se comuns as invasões de reservas indígenas por grupos de posseiros e garimpeiros, com enfrentamentos graves. E até mesmo o governo as viola, ao construir rodovias e hidrelétri­cas em seus limites.
A Fundação Nacional do índio (FUNAI) tem como função apli­car a legislação contida no Estatuto do índio, que fala em garantir os costumes dos indíge­nas e propiciar-lhes uma educa­ção que vise à sua integração. Para muitos, entretanto, manu­tenção de costumes e integração são conceitos antagônicos, pois integrar significa destruir lín­gua, hábitos e crenças.

b) O negro

Segundo o censo de 2010, viviam no Brasil cerca de 11 milhões de negros, mais concentrados nas regiões Nordeste e Sudeste, onde foi importante a mão-de-obra escrava no período colonial, utilizada especialmente na produção da cana-de-açúcar, na mineração e na cafeicultura.
Os negros trazidos da África (cerca de 4 milhões) costumam ser divididos em dois grandes grupos: o dos bantos (de Angola, Congo, Moçambique) e o dos sudaneses (da África Ocidental, principalmente do Golfo da Guiné).
Após a abolição da escravatu­ra (1888), quando os fazendeiros e industriais passaram a dar pre­ferência à mão-de-obra branca imigrante, os negros encontra­ram dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. Assim, apesar de terem dado decisiva contribuição para a economia brasileira, mantiveram-se numa posição de inferioridade econô­mica e social que hoje se traduz numa situação dramática: segundo o último censo, relati­vamente ao que recebe um tra­balhador branco, o trabalhador negro recebe, em média, 56%, e a mulher negra, apenas 25%.
Essas disparidades demons­tram enfaticamente que o preconceito ainda é um impedimen­to à ascensão social desse grupo étnico no país — com prejuízo redobrado no caso da população negra feminina.


c) O branco

Em 2010, de acordo com o censo, os brancos constituíam 45,53% da população brasileira, predominando sobretudo nas populações das regiões Sul e Sudeste.
Os primeiros representantes dessa etnia, basicamente de ori­gem europeia, chegaram ao Brasil durante o período colonial (portugueses em maior número, mas também espanhóis, holan­deses e franceses). E no chama­do período imigratório, em par­ticular na fase que se estendeu de 1850 a 1934, centenas de milhares de brancos, em sua maioria da Itália, de Portugal e da Espanha, vieram adicionar-se à composição étnica do povo brasileiro, em levas que foram muito significativas para a eco­nomia, a cultura e as transfor­mações políticas ocorridas no país.
Por: Renan Bardine

FONTE DIGITAL: http://www.coladaweb.com/geografia-do-brasil/composicao-etnica-brasileira

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