quarta-feira, 16 de julho de 2014

Chimamanda Adichie: “O perigo de uma única história” e suas implicações para a Educação.


Chimamanda Adichie é uma escritora nigeriana que cresceu lendo romances e outros livros norte-americanos e britânicos.  Suas obras e debates se estacam justamente por problematizar o perigo da historia contada por apenas um ponto de vista, retratando apenas uma realidade, uma cultura reduzindo a diversidade a um único modelo. Conheça mais sobre esta contadora de historias a partir do vídeo abaixo:






Mas o que podemos aproveitar das provocações de Chimamanda Adichie? Como essa historia única atinge nossa realidade educacional? Poderíamos dizer que nossas escolas reproduzem valores, normas, conteúdos que afirmam uma única historia tomando-a como verdadeira ao mesmo tempo em que  silenciam outras historias possíveis? Foucault  em suas obras destaca a relação indissociável entre saberes e poderes. Para o autor os discursos/praticas produzidos são efeitos de relações de poder. Deste modo podemos pensar os discursos/praticas reproduzidos pelos estabelecimentos educacionais são inseparáveis dos interesses dominantes. Para o autor os silenciamentos, o não dito também são expressões discursivas, por tanto, retirar a voz, silenciar outras historias possíveis também são efeitos de relações de poder.

Trazendo o debate para a atualidade acompanhamos a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) sancionado pela presidente Dilma Rousseff no dia 25 de Junho de 2014. Embora se reconheça que o PNE trouxe um grande avanço para gestão no campo da educação é importante destacar que o texto aprovado pelo Senado e sancionado pela presidente da República retirou das diretrizes do PNE o trecho “com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual”, no item sobre superação das desigualdades educacionais. A redação foi substituída pelo termo “promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação”.

Diversas instituições entre os quais destacamos o Conselho Federal de Psicologia lamentaram a supressão do trecho, especialmente porque, tal fato,  automaticamente eximiu o Estado brasileiro de promover programas, ações e políticas de combate ao preconceito sexual, de gênero, e étnico-racial nas escolas públicas.
Não seria esse um bom exemplo de manutenção de  uma única historia no campo da educação especialmente no que se refere ao tratamento de temas como gênero e preconceito étnico racial?


Chimamanda Adichie, contadora de historias nos convida a refletir e a agir contando outras historias possíveis.


Roberta Scaramussa

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