Chimamanda
Adichie: “O perigo de uma única história” e suas implicações para a Educação.
Chimamanda Adichie
é uma escritora nigeriana que cresceu lendo romances e outros livros
norte-americanos e britânicos. Suas obras e debates se estacam
justamente por problematizar o perigo da historia contada por apenas
um ponto de vista, retratando apenas uma realidade, uma cultura reduzindo a
diversidade a um único modelo. Conheça mais sobre esta contadora
de historias a partir do vídeo abaixo:
Mas o que
podemos aproveitar das provocações de Chimamanda Adichie? Como essa historia única
atinge nossa realidade educacional? Poderíamos dizer que nossas escolas
reproduzem valores, normas, conteúdos que afirmam uma única historia tomando-a
como verdadeira ao mesmo tempo em que silenciam outras historias
possíveis? Foucault em suas obras destaca a relação indissociável entre
saberes e poderes. Para o autor os discursos/praticas produzidos são efeitos de
relações de poder. Deste modo podemos pensar os discursos/praticas reproduzidos
pelos estabelecimentos educacionais são inseparáveis dos interesses dominantes.
Para o autor os silenciamentos, o não dito também são expressões discursivas,
por tanto, retirar a voz, silenciar outras historias possíveis também são efeitos
de relações de poder.
Trazendo o debate para a atualidade acompanhamos a aprovação do Plano
Nacional de Educação (PNE) sancionado pela presidente Dilma Rousseff no dia 25
de Junho de 2014. Embora se reconheça que o PNE trouxe um grande avanço para gestão
no campo da educação é importante destacar que o texto aprovado pelo Senado e
sancionado pela presidente da República retirou das diretrizes do PNE o trecho
“com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de
orientação sexual”, no item sobre superação das desigualdades educacionais. A
redação foi substituída pelo termo “promoção da cidadania e na erradicação de
todas as formas de discriminação”.
Diversas instituições entre os quais destacamos o Conselho Federal
de Psicologia lamentaram a supressão do trecho, especialmente porque, tal
fato, automaticamente eximiu o Estado
brasileiro de promover programas, ações e políticas de combate ao preconceito
sexual, de gênero, e étnico-racial nas escolas públicas.
Não
seria esse um bom exemplo de manutenção de
uma única historia no campo da educação especialmente no que se refere
ao tratamento de temas como gênero e preconceito étnico racial?
Chimamanda Adichie,
contadora de historias nos convida a refletir e a agir contando outras
historias possíveis.
Roberta Scaramussa
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